05 de novembro de 2010 • 08h31
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O Brasil poderia adotar medidas retaliatórias após a decisão americana de injetar US$ 600 bilhões em sua economia por meio da compra de títulos públicos, segundo afirma reportagem publicada nesta sexta-feira pelo diário econômico britânico Financial Times.
A decisão do Federal Reserve (FED, o Banco Central americano), anunciada na terça-feira, pode ter o efeito de provocar a desvalorização do dólar, aumentando a competitividade dos produtos de exportação do país no mercado externo.
O Financial Times observa que o Brasil foi o país que ajudou a cunhar o termo ''guerra cambial'' para designar as supostas manipulações dos países para desvalorizar suas moedas. "Autoridades brasileiras do presidente para baixo criticaram a decisão do Federal Reserve de baixar as taxas de juros comprando bilhões de dólares em títulos do governo, advertindo de que isso poderia levar a medidas retaliatórias", afirma a reportagem.
O jornal cita o secretário do comércio exterior, Welber Barral, para quem "essas são políticas que empobrecem aqueles no entorno deles (dos Estados Unidos) e acabam gerando medidas retaliatórias".
"Dólares de helicóptero"
O jornal cita ainda uma declaração feita pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega na quinta-feira, comparando a medida americana a "jogar dólares de um helicóptero"."O único resultado que tem é você desvalorizar o dólar para que os Estados Unidos tenham maior competitividade no mercado internacional", afirmou Mantega.
A reportagem observa ainda que na véspera, na entrevista coletiva conjunta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente-eleita Dilma Rousseff, os dois afirmaram que tomariam as medidas necessárias para "evitar a valorização excessiva da moeda brasileira" e "brigar pelos interesses do Brasil".
O Financial Times comenta que o Brasil foi um dos países mais afetados pela guerra cambial, com uma valorização do real de 39% em relação ao dólar desde o início de 2009, "gerando o temor de esvaziamento da base industrial brasileira ao tornar as exportações de manufaturados menos competitivas".
O jornal observa, porém, que uma das razões para que o Brasil receba um grande fluxo de divisas, valorizando o real, são os juros altos no país, no nível mais alto entre os países do G20 em termos reais. Nem mesmo o aumento da taxação aos investimentos externos reduziu esse movimento, segundo o jornal, já que o rendimento de títulos do governo de longo prazo ainda é relativamente alto mesmo após a taxação.
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