PF prende "número 2" do ministério e mais 38 pessoas
Brasília (AE) - A Polícia Federal prendeu ontem o número 2 do Ministério do Turismo, o secretário-executivo Frederico Silva da Costa, de um total de 38 pessoas acusadas de envolvimento numa quadrilha especializada em desvio de dinheiro público. Indicado pelo PMDB, Costa ocupa cargos de direção na Pasta desde o primeiro governo Luiz Inácio Lula da Silva. Entre os presos estão o ex-deputado Colbert Martins da Silva Filho, secretário nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo, também indicado do PMDB e o ex-presidente da Empresa Brasileira do Turismo (Embratur), Mário Moysés, petista ligado à senadora Marta Suplicy, que comandou a Pasta em 2007.
Os três tiveram prisão preventiva, com duração mais longa, de 30 dias prorrogáveis pelo tempo necessário à instrução do inquérito "As provas contra eles são robustas", explicou o diretor executivo da Polícia Federal, delegado Paulo de Tarso Teixeira. Eles ficarão à disposição da justiça na carceragem da PF no Amapá, onde o inquérito corre em segredo de justiça. Embora eles sejam membros dos dois maiores partidos da base aliada - PMDB e PT, o delegado disse que a filiação de pessoas investigadas não interessa ao inquérito. "A PF é apartidária e investiga fatos, não pessoas ou suas ligações políticas", enfatizou.
Teixeira afirmou que a presidente Dilma Rousseff não foi informada previamente da operação e só ficou sabendo de que membros do seu governo seriam presos ontem de manhã, depois que os policiais já ocupavam os endereços dos alvos. "Não houve aviso prévio. Ela só soube quando a operação estava na rua", garantiu o delegado. Ele explicou que a PF tem o dever de preservar o sigilo operacional e cometeria crime de prevaricação se vazasse informações para quem quer que seja, mesmo para a autoridade máxima do País.
A operação, batizada de "Voucher" em referência a um conhecido documento de compensação turística, foi iniciada em abril, a partir de denúncia do Tribunal de Contas da União (TCU), que encontrou indícios flagrantes de fraude num convênio de R$ 4,4 milhões entre o Ministério e o Instituto Brasileiro de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi), empresa sem fins lucrativos Do total, R$ 4 milhões foram repassados pelo Ministério e o restante deveria ser contrapartida da entidade.
O diretor executivo do Instituto, Luiz Gustavo Machado, é um dos presos. A PF apurou que a empresa não fez sua contrapartida e a quadrilha desviou dois terços do dinheiro enviado pelo Ministério, cerca de R$ 3 milhões. Os recursos desse convênio, o de número 718467/2009, vieram de emenda parlamentar da deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP). A PF apurou que outros repasses ao Instituto têm indícios de fraude e serão alvo de um pente fino na próxima fase do inquérito. Mas não encontrou indício de envolvimento da deputada.
O ministro Pedro Novaes não foi investigado nesta primeira fase, mas a PF não descarta que possa ser chamado a dar explicações no futuro. "Nessa primeira fase, ele não foi alvo, nem foi ouvido, mas o delegado encarregado do inquérito tem autonomia e decidirá o que fazer na segunda fase", disse Teixeira. Embora as fraudes tenham ocorrido nas gestões dos antecessores, Novaes manteve na Pasta os seis servidores presos ontem na operação e até promoveu Costa ao posto de seu braço direito.
Segundo Teixeira, o Ibrasi "montou um esquema de desvio de recursos público com uso de empresas fictícias, comprovantes de despesas falsos e não realização dos projetos previstos nos convênios". A Justiça Federal do Amapá decretou 38 prisões - 19 preventivas e 19 temporárias, além de sete mandados de busca e apreensão, inclusive no Ministério do Turismo, de onde foram recolhidos documentos, mídias e outras provas contra seis servidores acusados de envolvimento com a quadrilha.
Ao longo do dia foram presos 35 acusados - os três restantes ainda são procurados - e cumpridas todas as buscas. Na residência do presidente do Ibrasi, empresário Luiz Gustavo Machado, foram apreendidos R$ 610 mil, além de documentos. Para perpetrar as fraudes, o Ibrasi usava um cadastro de empresas cúmplices, algumas fictícias e outras com registro, mas mancomunadas com o esquema. Essas apresentavam preços disparatados para que a Ibrasi ganhasse o serviço.
Os projetos ou não eram executados ou tinham realizada apenas uma parte simbólica para mascarar a prestação de contas. A PF fez o rastreamento do dinheiro e levantou provas de que a parte desviada foi partilhada entre os membros da quadrilha. Os acusados vão responder pelos crimes de corrupção, fraude em licitação, estelionato, quadrilha, falsidade ideológica e peculato.
Lula pede cautela nas acusações
Rio de Janeiro (AE) - Embora tenha considerado as ações contra corrupção no governo federal "extremamente importantes para o exercício da democracia", o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que as investigações também deixem claro quem são os inocentes e se mostrou cauteloso em relação às devassas em instituições públicas. "É extremamente importante. A única coisa que eu me queixava quando era presidente e me queixo hoje é que, se você tem dez acusados, oito culpados e dois inocentes, diga que tem dois inocentes e condene os oito culpados. Muitas vezes a devassa é feita antes de provar se as pessoas realmente cometeram todos os delitos", afirmou Lula depois de fazer uma palestra sobre cidadania e política, no Rio.
O ex-presidente disse que o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria Geral da União (CGU) "agem com seriedade". "As pessoas têm que botar na cabeça que a única chance de não serem investigadas no Brasil e no mundo é se não cometerem nenhum delito", concluiu Lula.
Na palestra, o presidente comentou a crise internacional e criticou os países ricos por não estimularem o consumo nem valorizarem as ações voltadas para a população mais pobre. O presidente voltou a recomendar que as pessoas consumam com responsabilidade. "Não use o cartão de crédito de forma desvairada porque vai quebrar a cara", recomendou. Lula ironizou os países ricos e disse que deveriam aprender com o presidente da Bolívia, Evo Morales. "Os países antes sabiam tudo, agora que a dificuldade é deles, não sabem nada. Poderiam chamar o Evo Morales para dizer como fez na Bolívia. O índio é esperto", disse o ex-presidente, que falou na abertura do ciclo de palestras em comemoração aos 30 anos do Instituto Brasileiros de Análises Econômicas e Sociais (Ibase), fundado pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, que morreu há 14 anos. O ex-presidente disse estar convencido de que o Brasil, como em 2008, vai passar pela crise internacional "com tranquilidade". ""A crise que está acontecendo é mais política que econômica, de falta de decisão política. Os países pagam trilhões para os bancos, mas quando se fala no trabalhador é para cortar pensões, aposentadorias. Ainda vamos ter tranquilidade. Temos mais reservas que em 2008, dúvida pública menor que esses países, um mercado interno poderoso", citou.
Lula, que está reorganizando o Instituto da Cidadania e um memorial dos movimentos sociais, revelou que organizará um documentário "para mostrar o tipo de gente que adentrou o Palácio do Planalto" durante os oito anos de seu governo. O ex-presidente contou à plateia como recebeu cegos com cães guias, portadores de hanseníase, moradores de rua e sem teto, " e não só reis, rainhas, banqueiros e empresários".
Líderes da base apontam abuso de poder
Brasília (AE) - O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), acusou que houve abuso de poder pelo Judiciário e pelo Ministério Público na operação no Ministério do Turismo que resultou na prisão de 38 pessoas, incluindo o "número dois" na hierarquia, o secretário-executivo, Frederico Costa. O mesmo tom foi usado pelo líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN). "Está caracterizado abuso de poder. Ninguém tem conhecimento de dolo, de irregularidades", disse. "Todos estão surpreendidos pela virulência da operação", afirmou Alves.
Vaccarezza, Henrique Alves e líderes da base saíram em defesa do ex-deputado Coubert Martins (PMDB-BA), atualmente secretário nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo do ministério, um dos presos na operação. Eles argumentaram que ele está há apenas dois meses no ministério e não pode ser preso sem nenhuma explicação por conta de convênios que estão em funcionamento desde 2009. "Essa decisão da Justiça é absurda e muito estranha. É preocupante a forma como foi feita (a decisão pela prisão), tudo por um juiz de primeira instância", disse o líder do PTB, deputado Jovair Arantes (GO). Vaccarezza também afirmou que o petista Mário Moysés, ex-secretário executivo do ministério e um dos presos na operação, é uma pessoa séria.
Oposição articula CPI da Corrupção
Brasília (AE) - Diante de mais um escândalo de corrupção no governo Dilma Rousseff, desta vez no ministério do Turismo, a oposição iniciou ontem um movimento para coletar assinaturas em favor de uma CPI da Corrupção para investigar as denúncias em diversos órgãos. A intenção é ampliar o foco para além dos Transportes, que era o objetivo inicial. Segundo o líder do DEM na Câmara, ACM Neto (DEM-BA), a nova tentativa poderá ser de uma investigação mista ou apenas no Senado.
"Esses fatos não são isolados. Existe uma corrupção endêmica no governo e para esclarecer isso só existe um caminho que é realizar uma CPI da Corrupção, que pode ser mista ou só no Senado", disse ACM Neto. A intenção da oposição é constranger parlamentares do PMDB, PR, PTB, PP e outros citados nas denúncias a assinar a CPI. "A forma de estes partidos saírem da acusação é assinar a CPI. Todo mundo que não apoiar está fugindo da responsabilidade, inclusive a presidenta da República, se realmente está interessada em fazer uma limpeza".
A oposição admite ter dificuldade numérica para conseguir instalar a investigação, mas acredita que a "fragilidade" do PMDB com dois ministros na berlinda, Wagner Rossi (Agricultura) e Pedro Novais (Turismo), pode ajudar na empreitada.
Além da CPI, a Procuradoria-Geral da República será acionada para investigar o caso do ministério do Turismo. O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), anunciou que fará uma representação pedindo a investigação. Os tucanos tentarão ainda convocar Pedro Novais e o ministro da Controladoria Geral da União, Jorge Hage.
Para Nogueira, o cotidiano de denúncias de corrupção não pode fazer com que um caso se sobreponha ao outro. "Todo o dia tem uma nova denúncia. A exceção não existe mais, a regra é a irregularidade e tudo tem que ser investigado"
Preocupação
Ontem, ao comentar a prisão do secretário-executivo do ministério do Turismo, Frederico Silva da Costa, o presidente da Câmara, Marco Maia, disse que se fosse o "número 2" de qualquer ministério "estaria preocupado". "O que tem caído de número dois né?", observou Maia, referindo-se também ao ex-secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Milton Ortolan, que pediu demissão no último sábado, depois da denúncia de ligação suspeita com um lobista.
Ministra Ideli Salvatti faz a defesa de Pedro Novais
Brasília (AE) - A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, defendeu ontem o ministro do Turismo, Pedro Novais, e destacou que as prisões realizadas pela Polícia Federal, na Operação Voucher, atingiram pessoas de vários partidos. Para Ideli, o foco principal do governo não é tratar as denúncias de corrupção, mas promover medidas contra a crise econômica internacional. "Tivemos a operação da Polícia Federal com inúmeras prisões de pessoas com ligações partidárias no plural. Temos que aguardar e acompanhar a operação da PF", disse a ministra ao chegar ao Senado para uma reunião com a bancada do PMDB. Segundo ela, essa reunião já estava agendada antes mesmo da operação da PF.
Ideli afirmou que o governo não será complacente com quem tiver cometido crime. "Se houver algum abuso, não haverá complacência". Ela defendeu o ministro Pedro Novais ao destacar que a operação investiga um convênio de 2009. "O convênio base da investigação é de 2009. Portanto, o ministro Pedro Novais não teria participação nesse convênio", disse. Mas, a ministra fez questão de enfatizar que a preocupação do momento é com a crise.
Ministro da Agricultura vai ao Senado
Brasília (AE) - O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, mudou de 8h30 para 12 horas o início da audiência pública que fará hoje na Comissão de Agricultura do Senado. Ele foi convidado pelos partidos aliados da base do governo, depois que o líder do PSDB, senador Alvaro Dias (PR), apresentou um requerimento convocando-o para falar de irregularidades na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A troca de horário atenderia a mudanças na agenda do ministro.
Wagner Rossi falou na quarta-feira passada na Comissão de Agricultura da Câmara, quando foi elogiado por deputados da base
A expectativa do governo era que o seu depoimento no Senado repetisse a imagem positiva que passou para os parlamentares.
Mas a demissão no final de semana do secretário-executivo Milton Ortolan, homem da sua confiança, por suspeita de envolvimento na cobrança de propina nos contratos da pasta, mudou a situação. E, hoje, é esperado que até mesmo senadores governistas o questionem sobre as denúncias publicadas na edição desta semana da revista Veja.
A revista cita o caso do lobista Júlio Fróes que despachava num gabinete do ministério e o caso de empresas que teriam denunciado a cobrança de propina. Segundo a reportagem, o lobista elaborava até mesmo editais para direcionar as contratações do ministério.
valter campanato/abrFuncionários do Ministério do Turismo são presos pela Política Federal, durante a Operação Voucher
Os três tiveram prisão preventiva, com duração mais longa, de 30 dias prorrogáveis pelo tempo necessário à instrução do inquérito "As provas contra eles são robustas", explicou o diretor executivo da Polícia Federal, delegado Paulo de Tarso Teixeira. Eles ficarão à disposição da justiça na carceragem da PF no Amapá, onde o inquérito corre em segredo de justiça. Embora eles sejam membros dos dois maiores partidos da base aliada - PMDB e PT, o delegado disse que a filiação de pessoas investigadas não interessa ao inquérito. "A PF é apartidária e investiga fatos, não pessoas ou suas ligações políticas", enfatizou.
Teixeira afirmou que a presidente Dilma Rousseff não foi informada previamente da operação e só ficou sabendo de que membros do seu governo seriam presos ontem de manhã, depois que os policiais já ocupavam os endereços dos alvos. "Não houve aviso prévio. Ela só soube quando a operação estava na rua", garantiu o delegado. Ele explicou que a PF tem o dever de preservar o sigilo operacional e cometeria crime de prevaricação se vazasse informações para quem quer que seja, mesmo para a autoridade máxima do País.
A operação, batizada de "Voucher" em referência a um conhecido documento de compensação turística, foi iniciada em abril, a partir de denúncia do Tribunal de Contas da União (TCU), que encontrou indícios flagrantes de fraude num convênio de R$ 4,4 milhões entre o Ministério e o Instituto Brasileiro de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi), empresa sem fins lucrativos Do total, R$ 4 milhões foram repassados pelo Ministério e o restante deveria ser contrapartida da entidade.
O diretor executivo do Instituto, Luiz Gustavo Machado, é um dos presos. A PF apurou que a empresa não fez sua contrapartida e a quadrilha desviou dois terços do dinheiro enviado pelo Ministério, cerca de R$ 3 milhões. Os recursos desse convênio, o de número 718467/2009, vieram de emenda parlamentar da deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP). A PF apurou que outros repasses ao Instituto têm indícios de fraude e serão alvo de um pente fino na próxima fase do inquérito. Mas não encontrou indício de envolvimento da deputada.
O ministro Pedro Novaes não foi investigado nesta primeira fase, mas a PF não descarta que possa ser chamado a dar explicações no futuro. "Nessa primeira fase, ele não foi alvo, nem foi ouvido, mas o delegado encarregado do inquérito tem autonomia e decidirá o que fazer na segunda fase", disse Teixeira. Embora as fraudes tenham ocorrido nas gestões dos antecessores, Novaes manteve na Pasta os seis servidores presos ontem na operação e até promoveu Costa ao posto de seu braço direito.
Segundo Teixeira, o Ibrasi "montou um esquema de desvio de recursos público com uso de empresas fictícias, comprovantes de despesas falsos e não realização dos projetos previstos nos convênios". A Justiça Federal do Amapá decretou 38 prisões - 19 preventivas e 19 temporárias, além de sete mandados de busca e apreensão, inclusive no Ministério do Turismo, de onde foram recolhidos documentos, mídias e outras provas contra seis servidores acusados de envolvimento com a quadrilha.
Ao longo do dia foram presos 35 acusados - os três restantes ainda são procurados - e cumpridas todas as buscas. Na residência do presidente do Ibrasi, empresário Luiz Gustavo Machado, foram apreendidos R$ 610 mil, além de documentos. Para perpetrar as fraudes, o Ibrasi usava um cadastro de empresas cúmplices, algumas fictícias e outras com registro, mas mancomunadas com o esquema. Essas apresentavam preços disparatados para que a Ibrasi ganhasse o serviço.
Os projetos ou não eram executados ou tinham realizada apenas uma parte simbólica para mascarar a prestação de contas. A PF fez o rastreamento do dinheiro e levantou provas de que a parte desviada foi partilhada entre os membros da quadrilha. Os acusados vão responder pelos crimes de corrupção, fraude em licitação, estelionato, quadrilha, falsidade ideológica e peculato.
Lula pede cautela nas acusações
Rio de Janeiro (AE) - Embora tenha considerado as ações contra corrupção no governo federal "extremamente importantes para o exercício da democracia", o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que as investigações também deixem claro quem são os inocentes e se mostrou cauteloso em relação às devassas em instituições públicas. "É extremamente importante. A única coisa que eu me queixava quando era presidente e me queixo hoje é que, se você tem dez acusados, oito culpados e dois inocentes, diga que tem dois inocentes e condene os oito culpados. Muitas vezes a devassa é feita antes de provar se as pessoas realmente cometeram todos os delitos", afirmou Lula depois de fazer uma palestra sobre cidadania e política, no Rio.
bruna prado/frame/aeLula considera investigações importantes para a democracia
O ex-presidente disse que o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria Geral da União (CGU) "agem com seriedade". "As pessoas têm que botar na cabeça que a única chance de não serem investigadas no Brasil e no mundo é se não cometerem nenhum delito", concluiu Lula.
Na palestra, o presidente comentou a crise internacional e criticou os países ricos por não estimularem o consumo nem valorizarem as ações voltadas para a população mais pobre. O presidente voltou a recomendar que as pessoas consumam com responsabilidade. "Não use o cartão de crédito de forma desvairada porque vai quebrar a cara", recomendou. Lula ironizou os países ricos e disse que deveriam aprender com o presidente da Bolívia, Evo Morales. "Os países antes sabiam tudo, agora que a dificuldade é deles, não sabem nada. Poderiam chamar o Evo Morales para dizer como fez na Bolívia. O índio é esperto", disse o ex-presidente, que falou na abertura do ciclo de palestras em comemoração aos 30 anos do Instituto Brasileiros de Análises Econômicas e Sociais (Ibase), fundado pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, que morreu há 14 anos. O ex-presidente disse estar convencido de que o Brasil, como em 2008, vai passar pela crise internacional "com tranquilidade". ""A crise que está acontecendo é mais política que econômica, de falta de decisão política. Os países pagam trilhões para os bancos, mas quando se fala no trabalhador é para cortar pensões, aposentadorias. Ainda vamos ter tranquilidade. Temos mais reservas que em 2008, dúvida pública menor que esses países, um mercado interno poderoso", citou.
Lula, que está reorganizando o Instituto da Cidadania e um memorial dos movimentos sociais, revelou que organizará um documentário "para mostrar o tipo de gente que adentrou o Palácio do Planalto" durante os oito anos de seu governo. O ex-presidente contou à plateia como recebeu cegos com cães guias, portadores de hanseníase, moradores de rua e sem teto, " e não só reis, rainhas, banqueiros e empresários".
Líderes da base apontam abuso de poder
Brasília (AE) - O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), acusou que houve abuso de poder pelo Judiciário e pelo Ministério Público na operação no Ministério do Turismo que resultou na prisão de 38 pessoas, incluindo o "número dois" na hierarquia, o secretário-executivo, Frederico Costa. O mesmo tom foi usado pelo líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN). "Está caracterizado abuso de poder. Ninguém tem conhecimento de dolo, de irregularidades", disse. "Todos estão surpreendidos pela virulência da operação", afirmou Alves.
Vaccarezza, Henrique Alves e líderes da base saíram em defesa do ex-deputado Coubert Martins (PMDB-BA), atualmente secretário nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo do ministério, um dos presos na operação. Eles argumentaram que ele está há apenas dois meses no ministério e não pode ser preso sem nenhuma explicação por conta de convênios que estão em funcionamento desde 2009. "Essa decisão da Justiça é absurda e muito estranha. É preocupante a forma como foi feita (a decisão pela prisão), tudo por um juiz de primeira instância", disse o líder do PTB, deputado Jovair Arantes (GO). Vaccarezza também afirmou que o petista Mário Moysés, ex-secretário executivo do ministério e um dos presos na operação, é uma pessoa séria.
Oposição articula CPI da Corrupção
Brasília (AE) - Diante de mais um escândalo de corrupção no governo Dilma Rousseff, desta vez no ministério do Turismo, a oposição iniciou ontem um movimento para coletar assinaturas em favor de uma CPI da Corrupção para investigar as denúncias em diversos órgãos. A intenção é ampliar o foco para além dos Transportes, que era o objetivo inicial. Segundo o líder do DEM na Câmara, ACM Neto (DEM-BA), a nova tentativa poderá ser de uma investigação mista ou apenas no Senado.
"Esses fatos não são isolados. Existe uma corrupção endêmica no governo e para esclarecer isso só existe um caminho que é realizar uma CPI da Corrupção, que pode ser mista ou só no Senado", disse ACM Neto. A intenção da oposição é constranger parlamentares do PMDB, PR, PTB, PP e outros citados nas denúncias a assinar a CPI. "A forma de estes partidos saírem da acusação é assinar a CPI. Todo mundo que não apoiar está fugindo da responsabilidade, inclusive a presidenta da República, se realmente está interessada em fazer uma limpeza".
A oposição admite ter dificuldade numérica para conseguir instalar a investigação, mas acredita que a "fragilidade" do PMDB com dois ministros na berlinda, Wagner Rossi (Agricultura) e Pedro Novais (Turismo), pode ajudar na empreitada.
Além da CPI, a Procuradoria-Geral da República será acionada para investigar o caso do ministério do Turismo. O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), anunciou que fará uma representação pedindo a investigação. Os tucanos tentarão ainda convocar Pedro Novais e o ministro da Controladoria Geral da União, Jorge Hage.
Para Nogueira, o cotidiano de denúncias de corrupção não pode fazer com que um caso se sobreponha ao outro. "Todo o dia tem uma nova denúncia. A exceção não existe mais, a regra é a irregularidade e tudo tem que ser investigado"
Preocupação
Ontem, ao comentar a prisão do secretário-executivo do ministério do Turismo, Frederico Silva da Costa, o presidente da Câmara, Marco Maia, disse que se fosse o "número 2" de qualquer ministério "estaria preocupado". "O que tem caído de número dois né?", observou Maia, referindo-se também ao ex-secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Milton Ortolan, que pediu demissão no último sábado, depois da denúncia de ligação suspeita com um lobista.
Ministra Ideli Salvatti faz a defesa de Pedro Novais
Brasília (AE) - A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, defendeu ontem o ministro do Turismo, Pedro Novais, e destacou que as prisões realizadas pela Polícia Federal, na Operação Voucher, atingiram pessoas de vários partidos. Para Ideli, o foco principal do governo não é tratar as denúncias de corrupção, mas promover medidas contra a crise econômica internacional. "Tivemos a operação da Polícia Federal com inúmeras prisões de pessoas com ligações partidárias no plural. Temos que aguardar e acompanhar a operação da PF", disse a ministra ao chegar ao Senado para uma reunião com a bancada do PMDB. Segundo ela, essa reunião já estava agendada antes mesmo da operação da PF.
Ideli afirmou que o governo não será complacente com quem tiver cometido crime. "Se houver algum abuso, não haverá complacência". Ela defendeu o ministro Pedro Novais ao destacar que a operação investiga um convênio de 2009. "O convênio base da investigação é de 2009. Portanto, o ministro Pedro Novais não teria participação nesse convênio", disse. Mas, a ministra fez questão de enfatizar que a preocupação do momento é com a crise.
Ministro da Agricultura vai ao Senado
Brasília (AE) - O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, mudou de 8h30 para 12 horas o início da audiência pública que fará hoje na Comissão de Agricultura do Senado. Ele foi convidado pelos partidos aliados da base do governo, depois que o líder do PSDB, senador Alvaro Dias (PR), apresentou um requerimento convocando-o para falar de irregularidades na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A troca de horário atenderia a mudanças na agenda do ministro.
Wagner Rossi falou na quarta-feira passada na Comissão de Agricultura da Câmara, quando foi elogiado por deputados da base
A expectativa do governo era que o seu depoimento no Senado repetisse a imagem positiva que passou para os parlamentares.
Mas a demissão no final de semana do secretário-executivo Milton Ortolan, homem da sua confiança, por suspeita de envolvimento na cobrança de propina nos contratos da pasta, mudou a situação. E, hoje, é esperado que até mesmo senadores governistas o questionem sobre as denúncias publicadas na edição desta semana da revista Veja.
A revista cita o caso do lobista Júlio Fróes que despachava num gabinete do ministério e o caso de empresas que teriam denunciado a cobrança de propina. Segundo a reportagem, o lobista elaborava até mesmo editais para direcionar as contratações do ministério.
fonte: trribuna do note
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